Era uma tarde fria e chuvosa na cidade grande. Uma criança rica, vestida com uma roupa de marca e sapatinhos de couro, caminhava pela calçada com sua mãe, que segurava um guarda-chuva. Elas iam ao shopping comprar presentes de Natal. No caminho, passaram por um mendigo que estava sentado na sarjeta, vestindo um paletó sujo e rasgado. Ele estendia a mão para os transeuntes, pedindo uma esmola. A criança rica olhou para ele com curiosidade, sorriu, e perguntou à mãe:
- Mãe, por que aquele homem está ali? Ele não tem casa? Ele não tem família?
- Não sei, minha filha. Talvez ele tenha feito escolhas erradas na vida. Talvez ele seja preguiçoso ou viciado em drogas. Não devemos nos preocupar com ele. Vamos, ande mais rápido.
A mãe rica puxou a criança pela mão e continuou seu caminho. O mendigo olhou para eles com tristeza e resignação. Ele sabia que ninguém se importava com ele. Sabia que estava sozinho no mundo. Ele sabia que ia morrer na rua.
Mas o que elas não sabiam era que o mendigo tinha sido uma criança rica também. Ele havia nascido em uma família abastada e tinha tudo o que queria. Ele possuía brinquedos, roupas, comida, educação, carinho.
Ele tinha sido uma criança feliz. Mas um dia, um incêndio destruiu sua casa e matou seus pais. Ele ficou órfão e sem nada. Ele foi levado para um orfanato, onde sofreu abusos e violências. Ele fugiu e foi viver na rua, onde teve que se virar para sobreviver. Ele nunca mais encontrou amor ou esperança.
Ele era a prova de que a vida pode mudar em um instante. Ele era a prova de que a riqueza e a pobreza são relativas. Ele era a prova de que todos somos humanos e merecemos respeito e compaixão.
Ele era a crônica de uma tragédia anunciada.