A pedido da musa
Ela pediu
um poema
com palavras brilhantes
e rimas toantes,
bem bonitinho
e sem metrificação,
mas do fundo do coração.
Dominei a pena
com a destra
e deitei-me a formá-lo
sobre um papel branco.
Olhei seus olhos
negros-castanhos-verdes-azuis,
seu rostinho rosado-moreno,
o nariz arrebitado ou não,
procurando inspirar-me.
Escrevi duas linhas
mas não gostei,
e então olhei novamente
para o rosto de minha musa.
Os cabelos (louro-negros) caídos
nos ombros,
tão macios e perfumados,
os lábios entreabertos,
mudos,
à espera de um sorriso
de agradecimento.
Não poetei,
abandonando a pena,
e do fundo do meu coração
dei-lhe um beijo
maior que qualquer poema.
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*Poema da década de 1980.
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 16/10/2007
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