Meninos de latrina
Cruas de solidez, estas famílias,
Delas nascem os jovens de hoje,
Famintos de afagos e de afetos,
Em busca, crescem, de uma fuga
Semi-existencialista, inane.
O maior crime do mundo
É não saber
Educar um filho.
Cria-se um novilho,
Um a mais para o gado
De corte, perdido na pastagem
Pastosa dessas gargantas sombrias.
Em cada ombro, não há
Fardo mais sofrido
Que o pesado labor de vagar
Sem rumo, que esta,
A imaturidade, alcunhada
De lar, regride na criação
De sofismas dogmáticos.
O ato de pensar
O mundo não se resume
Apenas no modernismo
Infundado e desconexo,
Mas no despertar da mente
Subliminar que nos é nata.
Há, pois, em cada jovem,
A fome de afagos e afetos,
A profunda marca
Do misticismo adúltero
Que cultiva o homem:
A demência animalizada do ódio.
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*Poema escrito na década de 1980.
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 16/10/2007
Alterado em 18/01/2008
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