Transtornos mentais: inclusão e discriminação de alunos na escola
Nossa sociedade é preconceituosa, e alunos com necessidades especiais - mais precisamente transtornos mentais - têm sido bastante discriminados nas escolas, sejam elas públicas ou particulares.
Geralmente, a equipe da direção - assim como a maioria dos professores - desconhece a Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e o que ela diz sobre Educação, além de desconhecerem tais distúrbios. Dessa forma, torna-se mais difícil trabalhar pedagogicamente com esses alunos em sala de aula.
Diante dos vários tipos de transtornos mentais existentes, vou me ater aqui aos mais comuns que se nos apresentam nas escolas: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH); Transtorno de Ansiedade; Transtorno Depressivo.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (até pouco tempo o mais ocorrente deles) se caracteriza desatenção, desassossego e impulsividade. Nem sempre a hiperatividade é física, podendo se apresentar apenas na mente, com pensamentos a mil por hora.
O Transtorno de Ansiedade (uma das doenças psiquiátricas mais comuns na adolescência) se caracteriza, principalmente, por medo e/ou preocupação exagerada, excessiva, muitas vezes com ataques de raiva e crises de choro; a criança ou o adolescente podem também apresentar sintomas somáticos, como dor de cabeça e de estômago. O Transtorno de Ansiedade pode vir a gerar a depressão.
O adolescente com Transtorno Depressivo apresenta, geralmente, tristeza profunda, baixa autoestima, irritabilidade, desinteresse, isolamento, problemas graves de comportamento, e, em alguns casos mais graves, automutilação e pensamentos de suicídio, e até mesmo algumas tentativas.
Onde eu quero chegar com tudo isso? O que todas essas definições têm a ver com a sociedade preconceituosa e a escola? O bullying (e cyberbullying) é uma das formas mais comuns de os alunos demonstrarem esse preconceito. Até mesmo determinados professores são capazes de discriminar adolescentes com transtornos mentais.
Atualmente, é muito comum a internação de adolescentes com transtornos mentais em clínicas psiquiátricas, principalmente aqueles com transtorno de ansiedade e depressão (incluindo os casos de automutilação e tentativas de suicídio, a maioria com garotas). Quando determinado(a) aluno(a) retorna de um ou mais meses de internação durante o período letivo, os questionamentos começam: mas por que ficou internado(a) tanto tempo em uma clínica psiquiátrica? E, a seguir, a discriminação. Pode-se ficar internado em um hospital por longo tempo devido a problemas de fraturas, cirurgias complexas, tratamentos prolongados de determinada enfermidade, mas não em uma clínica psiquiátrica.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pela Universidade Johns Hopkins verificou crescimento significativo de casos de depressão em adolescentes entre os anos de 2005 e 2014. E atualmente? No Brasil, as coisas não são diferentes. Se você pesquisar no Google, encontrará várias notícias com dados oficiais sobre o aumento de adolescentes e jovens com depressão, atendidos inclusive pelo SUS. E depressão não é frescura, como alguns acham e criticam.
Nossas escolas e nossos professores estão preparados para conviver com casos de transtornos mentais? A minoria. Se nem com TDAH, quanto mais transtornos um tanto complexos, como autismo (não citados aqui neste artigo).
Um caso a pensar (e repensar).
Voltarei ao assunto, tanto como professor quanto como pai de adolescente.