Na natureza humana algo se perdeu
Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Antoine Lavoisier
No intuito de discorrer sobre a natureza humana, peço respeitosamente licença ao “pai” da química moderna para fazer uma discordância, pois nesta tivemos duas lamentáveis e grandes perdas no presente século: a perda da moral e a perda do respeito. Nem aquela nem este se transformaram, mas foram realmente perdidos. E o interessante é que algo se criou em seu lugar: absolutamente nada que preste para o ser humano civilizado.
Quando me refiro à moral, considero o sentido dado ao substantivo feminino por Houaiss, em seu dicionário, como um “conjunto de valores como a honestidade, a bondade, a virtude etc., considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens”, e ao sentido dado por Sacconi, ao substantivo masculino, como “vergonha, brio”. É exatamente isso que a humanidade praticamente perdeu ao longo das últimas décadas, e que pode ser visto, em nosso país, no meio artístico - especialmente na televisão -, nos meios político e empresarial, na juventude, e por aí vai. Existem até mesmo educadores sem moral algum(a).
O respeito, segundo definição de Sacconi em seu Grande Dicionário, é o “sentimento espontâneo que leva alguém a ter consideração, admiração ou estima por uma pessoa, em vista de sua idade, sabedoria, superioridade hierárquica, etc.”. Este também é outro bem precioso que está em falta em todos os lugares. Há desrespeito dos filhos para com os pais e dos alunos para com os professores; dos mais jovens para com os mais velhos; de hospitais para com os enfermos; de religiosos para com os fiéis; de patrões para com os empregados; de manifestantes idiotas para com o patrimônio público e as autoridades; de radicais medíocres para com o ponto de visto dos outros; e uma infinidade de falta de respeito na sociedade como um todo, independente da idade e da condição sociocultural, que, se aqui for listar, este artigo se estenderá por longas páginas.
Infelizmente, o que se criou no lugar é de valor algum. Aliás, faltam valores - quer alguns gostem ou não -, nessa sociedade na qual tudo se tornou relativo, não existe diferença entre o certo e o errado, não há mais verdade absoluta. Simplesmente virou uma desordem, bagunça, confusão – fazendo uma tríade para reforçar. Não vou dizer anarquia, pois, na anarquia, como teoria política, o indivíduo, mesmo se desenvolvendo livremente, emancipado, é um ser humano responsável; portanto, há ordem e respeito.
Destarte, carece que repensemos nosso valores morais e éticos, retomando os princípios universais que norteiam as relações, e passemos a humanidade a limpo.