Educação inclusiva e valorização dos professores
Palestrante
Desmistificando a educação: falando sobre inclusão e transtornos mentais de forma casual e realista.
Textos
                A revista SuperNanny número 11, de julho de 2007, aborda, em Matérias Especiais, a polêmica questão da atualidade no que tange à educação de filhos: as palmadas. Segundo a reportagem - que relaciona punição (utilizando os termos palmadas e tapinhas) a birras -, "quem ama não bate" e o "tapinha" está "totalmente fora de moda, considerando o castigo físico um método arcaico".

          Para Cris Poli (SuperNanny - modismo atual), "o tapa não educa". Seu ponto de vista é reforçado pela opinião da psicóloga Lídia Weber - a qual afirma que "disciplina não é sinônimo de punição" - e pela psicopedagoga Maria Rocha - que sugere o recurso do elogio para "mostrar aos filhos o que é certo e o que é errado".
          Antes de citar o pensamento de outros autores, é bom observar que a reportagem em nenhum momento relaciona as palmadas e os tapinhas à desobediência dos filhos, e também que a psicologia, desde que passou a dar palpites na educação familiar e na educação formal (a partir da década de 1950), com as frescuras de traumas e auto-estima, tudo piorou no que se refere à falta de limites de crianças, adolescentes e jovens, o que refletiu na sociedade, e cujos frutos estamos colhendo atualmente. Segundo Dante Donatelli (1), contrapondo-se aos pontos de vista da reportagem da revista, "punir, e não castigar, é educar". Ou seja, ele está dizendo que 'punir é educar', enquanto que 'castigar' não o é. No entender do filósofo e educador, depois do envolvimento da Psicologia "no interior da escola e de sua absorção como parte do entendimento da vida escolar cotidiana" implicou na desordem e no desencontro das relações disciplinares. Segundo o professor - que também é pai e já atuou como orientador pedagógico -, "é hipocrisia achar que uma palmada causa traumas a uma criança e dizer que se educa apenas com o diálogo".  Para ele (numa referência ao Projeto da Palmada, encaminhado ao Congresso), "proibir os pais de dar palmadas leves nos filhos é uma medida autoritária, uma falta de bom senso" (2).
          Curiosamente, a mesma psicóloga que chama as palmadas de método arcaico recomenda um outro método que foi banido das salas de aula há muitas décadas por ter sido considerado humilhante: colocar a criança voltada para a parede após fazer algo inadequado (item 2 das alternativas para o 'tapinha'). Não seria uma contradição? Entre outras coisas, Lídia Weber aponta quatorze motivos para considerar a palmada ruim. Senão vejamos alguns deles e os comentemos:
mostra aos pequenos que os adultos não têm controle - ela considera todos os pais que dão palmadas nos filhos - leves ou fortes - como sem controle? Com base em que ela pode afirmar isso tão categoricamente?
- diminui a auto-estima - a maioria dos jovens e adultos de hoje que levaram palmadas corretivas quando crianças têm boa auto-estima; nunca se sentiram menores por causa disso;
- prejudica o relacionamento futuro dos pequenos - balela! Isso é muito relativo. Quem levou palmadas corretivas por desobediência geralmente tem bom relacionamento com os pais e com outras pessoas;
- não funciona a longo prazo, pois traz danos emocionais, psicológicos e morais – as palmadas corretivas no tempo certo e por desobediência funcionam e muito bem a longo prazo. Os danos emocionais, psicológicos e sociais estão mais relacionados à surra, ao espancamento, à violência física contra a criança, e não às palmadas e aos tapinhas;
- eticamente condenável e moralmente errada – e essa sociedade 'psicológica' que torna tudo relativo sabe o que é ética e o que é moral?
- enfraquece a confiança do filho nos pais – muito pelo contrário! As palmadas corretivas fortalecem o relacionamento entre ambos, pois são praticadas com amor.
Algo bem interessante é que tanto a psicóloga quanto SuperNanny, em toda a reportagem, tão-somente se referem a ‘palmadas’, ‘tapinhas’ e ‘birras’. Em momento algum mencionam surras ou espancamentos e muito menos desobediência. Assim, os pontos de vista das duas profissionais, incluindo também a psicopedagoga, são controversos, haja vista que não se bate em crianças por causa de birras – ainda que alguns pais ignorantes o façam, não se pode tomar isso como referência –, e palmadas e tapinhas no bumbum não traumatizam criança alguma se aplicados com sabedoria e no momento certo, e por desobediência.
Vejamos o que ensina a Bíblia a respeito da educação de filhos. Talvez, assim como as entrevistadas - inclusive Cris Poli, dita evangélica – consideram tal método de educar arcaico, provavelmente a considerarão arcaica também, uma vez que, segundo a reportagem, "é difícil encontrar algum psicólogo que defenda o uso – mesmo que esporádico – do castigo físico na educação das crianças". No livro de Provérbios e no livro de Eclesiástico encontramos os melhores ensinamentos para a correção de filhos apresentados na Palavra de Deus. E para começar, a Bíblia distingue palmadas corretivas e espancamento, como em Provérbios 19:18: “Corrija os seus filhos enquanto eles têm idade para aprender; mas não os mate de pancadas” (BLH) (3). A psicóloga, a psicopedagoga e SuperNanny não o fizeram; simplesmente generalizaram tudo em uma mistura atrapalhada.
A Bíblia ensina, em Provérbios 13:24, que o pai e/ou a mãe “que poupa a vara odeia (não ama) a seu filho, mas o que o ama a seu tempo o disciplina (castiga-o enquanto é tempo)” (BJ, AEC, BLH) (4). Provérbios 23: 13 e 14 aconselha a não deixar “de corrigir a criança”. Segundo seus ensinamentos, “umas palmadas não a matarão”. E conclui: “ Para dizer a verdade, poderão até livrá-la da morte” (BLH) (5). De acordo com Provérbios 22:15, “a vara da disciplina” afastará a criança da “estultícia” (da tolice, da estupidez – ou seja, das coisas erradas) (BLH) (6). Lembramos aqui que a Bíblia utiliza uma linguagem metafórica.

“A vara” (a palmada) “e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma (quando todas as suas vontades são feitas) envergonha a sua mãe” (Provérbios 29:15 – BJ, AEC, BLH) (4). A palmada aplicada devido à desobediência, seguida de diálogo, explicações e limites lógicos, segundo a Bíblia, dão sabedoria à criança, e seus frutos a seguirão quando adulta.
            O livro de Eclesiástico (exclusivo da versão católica), em seu capítulo 30, apresenta direcionamentos bastante interessantes e precisos em relação à educação de filhos. Na segunda parte do verso 13, aconselha ao pai e à mãe: “... bate-lhe nos flancos enquanto é menino; do contrário, uma vez obstinado, te desobedecerá e ser-lhe-á motivo de contrariedade” (BJ) (5). No verso primeiro, afirma que os pais que amam seus filhos usarão “com freqüência” a correção física (as palmadas); e na primeira parte do verso 9, diz: “Mima teu filho e ele te aterrorizará” (BJ)(6). Mimos em excesso, portanto, são extremamente prejudiciais.
            Portanto, contrapondo a reportagem da revista em questão com a sabedoria bíblica, podemos perceber que esta última é mais lógica, de maior bom senso, sem contradições, bem mais sábia, e ideal para ser seguida pelos pais nos dias de hoje. O que não podemos é confundir as coisas. Há uma grande distância entre uma palmada corretiva por desobediência e uma surra ou espancamento. E a reportagem não foi muito feliz nesse sentido. Infelizmente, pois, como SuperNanny se tornou um modismo atual, acaba influenciando de forma errada e distorcida os pais, já tão desorientados quanto à educação de filhos. Entretanto, é bom aqui ressaltar, que não estou fazendo apologia à violência contra, principalmente contra crianças, o que sou radicalmente contra. A minha intenção, na análise do artigo da revista, é afirmar que os filhos precisam conhecer limites. Nada mais.
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Se tiver um tempinho, vá ao texto http://www.mauricioapolinario.com.br/visualizar.php?idt=2012043, e reflita sobre ele.
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Referências:
(1) DONATELLI, Dante. Quem me Educa? A família e a escola diante da (in)disciplina.  São Paulo: Arx, 2004.
(2) PEROZIM, Lívia. A vara e a lei. In. Revista Educação - edição 111. São Paulo: Editora Segmento, 2006. Disponível em: <
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=11869>. Acesso em 20 jul. 2007.
(3) Bíblia na Linguagem de Hoje.
(4) Bíblia de Jerusalém; Almeida Edição Contemporânea; Bíblia na Linguagem de Hoje.
(5) Bíblia de Jerusalém.
(6) Bíblia de Jerusalém.
 
*Prof. Maurício Apolinário
 é autor do livro "A arte da guerra para professores",
educador e palestrante.
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 23/07/2007
Alterado em 25/01/2011
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"Não existe quem seja incapaz de frequentar a escola. Existe escola que não se capacita para incluir." Carol Souza (@carolsouza_autistando)
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