A Peneira na Educação Pública
A Educação pública no Brasil precisa mais do que políticas e investimentos; mais do que construção de escolas e instalação de bibliotecas, centros de multimídia, laboratórios de informática e de ciências; mais do que aumento no número de vagas e de matrículas; muito mais do que a promoção de formação inicial e continuada para professores; muito mais do que adequação da infra-estrutura educacional e aumento de salário dos professores; mais do que acabar com a descontinuidade administrativa; mais do que por fim de uma vez por todas na disputa esquizofrênica por poder entre as políticas educacionais e sua execução na esfera federal.
Um dos grandes problemas da Educação pública em nosso país – e desconsiderada praticamente por todos – encontra-se na escola, dentro das salas de aula: aqueles que dão aula. Grande parte dos professores está ali não por vocação, mas por falta de opção. Não tiveram a oportunidade de fazer outro curso de graduação a não ser uma licenciatura, ou, por necessidade de sobrevivência, buscaram nos concursos apenas um emprego como outro qualquer. E nesse sentido, buscarão novos estudos apenas pelo interesse no certificado e no conseqüente aumento de salário.
E salário, nas últimas décadas, tornou-se um círculo vicioso na Educação pública – e também na rede particular. Se o salário for baixo, a maioria dos professores não produz o suficiente para proporcionar um bom ensino-aprendizagem; se o salário aumenta significativamente, torna-se um atrativo para aqueles que almejam, um emprego mais seguro e que lhe dê boas condições de sustento próprio e da família. Mesmo com os baixos salários, há uma quantidade enorme de pessoas – principalmente do sexo feminino – que procura no magistério uma forma de subsistência. Sem preparo, sem vocação, sem interesse e sem força de vontade, contribuem para que os índices de avaliação do ensino público caiam ainda mais a cada ano.
Além de tudo o que descrevi no início deste artigo, a Educação no Brasil necessita impreterível e urgentemente de um “pente fino” nas escolas, promovendo uma seleção rigorosa entre os professores: ficam os por vocação e saem os por falta de opção. E que briguem os sindicatos, cujos presidentes fazem barulho apenas para se candidatarem nas próximas eleições, mas em nada contribuem para tornar a classe mais unida e mais valorizada.
E no mais, que fiquem nas escolas tão-somente os professores de fato.
Brasília-DF, 05/07/2007
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 05/07/2007
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