Visões de um menino que soltava pipa numa rua descalça
Cristais, em meta de profícuos ventos idos,
Proejando rumo à terra escarificada,
Verdes prófugos, carne esguia de bandidos,
Escalavrados na procela aloucada,
Aparentando tão bravios, destemidos,
Mais um dia de cão, pedintes de calçada.
Na meta do objeto ar, ser enquanto ser,
Os suicidas vão perdendo o seu verniz,
E a nova virgindade, em busca de prazer,
Arrasta pela rua um pesado proiz,
Imitando animais na hora do lazer,
Imensos carretéis no azul de um quadro-giz.
Carneiros, na aflição da canga no pescoço,
Debatem-se, por fim, à beira do chicote,
Vitrificados, sangue ardente em fundo poço,
Tais interesses pela alfaia e grande dote,
O ladravaz calando à força um pobre moço,
Só por causa do veneno, a cobre e o bote.
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 03/07/2007